Seguidores

07/08/2010

A felicidade na casinha amarela

Depois de alguns minutos ouvindo a minha história, ela me falou assim:

"- Quero ver isso como artigo no blog, ta?!

E eu meio reflexiva e absolutamente cheia das eternas lembranças vividas nessas três semanas espetaculares, só pude dizer:

"- Vou ver se consigo traduzir em palavras!"

Do outro lado da linha em meio a um riso encorajador, tive a impressão de estar recebendo um : " você consegue, eu sei que sim." Então minha tia desligou o telefone, após um beijo e tchau, enquanto isso eu fui pensar em como fazer, o que fazer.

"- Como começar?"- Perguntei a mim mesma....

Eu nem fazia ideia, mas decidi-me, tomei fôlego e comecei a escrever, resolvi começar por onde era mais óbvio, " pelo começo".

O convite

Minha Mãe (avó): -Vamos para o interior?

Ao mesmo tempo em minha cabeça, muitas dúvidas... Fazer o que? Farinha? Essa era a intenção de minha mãe. E a minha resposta? Cheia de dúvidas, respondi com incerteza:

"- É, pode ser mãe!"

A viagem

Às 4h30m de uma quarta-feira de Julho, levantamos com tudo pronto para a viagem, eu meio nervosa e ao mesmo tempo ansiosa, tentava imaginar o que me esperava. Viajamos. Quando cheguei obtive a resposta.

Uma casinha amarela,meio distante de outras poucas, e em meio a um amontoado de árvores que davam uma beleza majestosa ao lugar, coqueiros ao lado, mangueira à frente, e dentro da tal casinha amarela, três corações aliviados por nossa chegada e contentes por nos receber. Chegou a hora dos cumprimentos, abracei a tia, tio e primo, e naquele instante recebi o calor de quem estava a minha espera e também feliz por me ver.

"- Que bom que você veio!"- Minha tia me falou, abraçando-me novamente e eu meio envergonhada, não sei de que, só consegui sorri. Depois que tudo já estava em suas determinadas posições, malas no quarto e nós(eu e minha mãe) acomodadas, foi que percebi que de todas as minhas férias essa seria a mais diferente.
Após algumas horas, eu já estava um pouco familiarizada com o lugar, e pensei comigo mesma: -"não vai ser tão ruim espero!". Tentei me concentrar e observar cada detalhe para que nada me passasse despercebido.
Fui vivendo um dia após o outro, e fui aprendendo a enxergar a felicidade nas coisas mais simples da vida. A primeira semana havia passado rapidamente, fiz tanta coisa que o tempo passou e eu nem percebi. Mandioca, eu nem sabia o que era, a não ser por nome, essa eu vi de perto e ainda ajudei na raspagem, depois disso fui ajudar minha tia a lavar a massa, para retirada da goma, e em seguida fomos nos preparar para transformar a massa em farinha.
Tudo bem até ai, eu não era nenhuma profissional, mas já estava me sentindo como tal, é como se eu soubesse fazer aquilo a anos. Os dias foram passando e a cada manhã eu me surpreendia cada vez mais, meio tio trouxe um peba e um tatu china, após uma caçada demorada, porém bem sucedida, eu estava receosa em comer, mas como dizem quem está na chuva é pra se molhar, então eu ,e encharquei, e não é que era bom! Nossa, eu meu tio que estava de passagem pelo interior quase passamos mal de tanto nos deliciar naquele almoço.
Fomos descansar um pouco após algumas horas de sono em plena tarde, meu primo me convidou para outra nova experiência, as minhas pernas tremulas quase não me permitiram subir no burro, mas eu consegui após uma ajudinha, o animal começou a caminhar compassadamente, meu primo é claro sob o controle para que nada acontecesse errado, ficamos volte ando um campo de futebol, onde a paisagem eram lindas e altas árvores. Eu fui admirando e relaxando no passeio, até que voltamos para casa, e eu já nem lembrava-me do resto do mundo, só estava feliz, ouvindo a música dos pássaros, e vendo o verde magnífico das árvores.
Os dias foram passando eu já havia vivido grandes emoções, os banhos nos riachos cheios de diversões, as visitas na casas dos moradores, a torcida pelo time de futebol feminino, as noites estreladas ao som das quadrilhas, e outras tantas experiências que ficarão na lembrança.
Até que depois de quase três semanas, um novo convite, o de voltar para casa. Eu nem sabia o que dizer, mas eu sentia que queria ficar um pouco mais, mesmo sabendo que não podia. Então nos preparamos para a viagem, e no dia seguinte depois de uma noite de muita oração, pedindo a DEUS que eu ficasse um pouco mais, a viagem foi cancelada. Eu é claro, feliz pela notícia. Mas dois dias depois, tudo confirmado, arrumamos as malas e os sacos de farinha e goma é claro, feitos com muito suor e orgulho.
Às 15h45m de um sábado eu e minha mãe nos despedimos de todos e saímos, eu nem estava a vinte metros da casinha amarela e já estava morrendo de saudades, foi então que percebi, que já fazia algum tempo que eu não me sentia tão feliz e realizada como naquele momento. Eu havia vivido tudo com tanta intensidade! Foi maravilhoso, eu senti a magnitude divina durante três semanas e o amor de três pessoas que ficarão nas minhas mais belas lembranças e no meu coração. Aprendi também que nunca devemos esquecer o principal que é ser FELIZ.
Por isso, pergunto a você:
"- Será que você lembra de seu principal?"
Dedico a Maria dos Santos, Altamires, Luís e Jardel.
E a todos que pretendem alcançar a felicidade em sua vida.